Estamos em constante evolução. Alguns para o bem, outros nem
tanto.
Evoluímos como humanos através da história, do conhecimento,
mas, principalmente, através da observação e capacidade de empatia.
Ainda vemos muitos homens procurando entender sua identidade
como tal, ou entender se precisam ter essa identidade definida. Vivemos um
momento em que não cabe mais intolerância e julgamento. Em que se faz
necessário estender a mão.
Sinto que é passada a hora de nos reeducar-nos, porém, assim
como quando crianças, não faremos isso sozinhos. Sem vitimismo, há muito para aprender sobre abrir mão dos privilégios,
sobre ver demais seres humanos exatamente como são: outros seres humanos.
Quando criança, muitas vezes meus pais me chamaram a atenção
para uma ou outra ação que, na visão deles, era ruim, e, pelo exemplo e
repetição, fui aprendendo seus valores. Em nenhum momento eles incluíram preconceito
nesses valores. Mas a sociedade, no cotidiano, acabou deixando suas marcas.
Luto para entender meu papel em várias ações, para
reconhecer minhas responsabilidades. Como já contei, fui “tirar satisfações”
com a Direção do FORO de Porto Alegre sobre os critérios para escolha de quem
poderia entrar com sacola ou não no prédio pois o Álvaro RosaCosta foi obrigado
a deixar case com instrumento musical na portaria, atirado no chão, enquanto mulheres
de pele mais clara entravam com gigantescas sacolas. Da direção recebi uma
resposta protocolar à época, por carta (não havia computadores, menos ainda
internet naquele tempo). De uma conhecida de etnia negra uma fala ‘atravessada’
de que não era meu lugar de fala, pois ele não pedira nem precisava da minha ‘ajuda’.
Também já disse que hoje reconheço sim, que é meu lugar de fala, de responsabilidade.
Não por achar que alguém ‘precisa’ da minha intervenção, mas pelo fato de que
não honraria os ensinamentos que tive em casa se não o fizesse.
Os tempos mudam. Se antes se dizia que ninguém deveria se
meter em briga de ‘marido e mulher’, hoje se sabe que temos o dever de ajudar
sempre que qualquer pessoa precisar.
Tudo que preciso agora é a mesma ajuda que as mulheres
precisam dar aos homens de boa vontade: aprender a ver a outra pessoa como ser
humano e, por empatia, defendê-la sempre. Acima de tudo, respeitar.
Muitas vezes a ação está perto e não vemos. Não me sinto
culpada por não ver, mas adoraria que eventualmente me ajudassem a enxergar.
Não nasci sabendo; me esforço, mas posso não ver tudo. Sou apenas humana
lutando para reduzir seus defeitos. SEM VITIMISMO.