Meus olhos ardem
não pelo
spray de pimenta
pelas lágrimas que borraram a maquiagem da artista ferida,
impedida de só artistar
Meus olhos ardem por chorar a esperança perdida, por ter
confiado por alguns anos que tínhamos
encontrado um caminho
Meus olhos choram a raiva pela impotência diante da barbárie
promovida pela mesquinhez de quem quer ser único a ter direitos
Meus olhos choram pelo que poderíamos ter sido mas não acredito
que um dia seremos
Meus olhos choram por tudo que eles tem visto.
Minha garganta está travada
não pelo
gás da bomba
por todas as palavras gritadas por quem apanhava
pela injustiça de ver por terra sonhos tão lindos de simples
igualdade.
Meu coração está apertado por que minha esperança está
morrendo com a falta de humanidade de pessoas que vivem perto de mim e eu
julgava “de bem”
Meu coração está apertado pelo medo, pela tristeza, pelo
cansaço.
Mesmo quando digo que cairei lutando sinto que minto a mim
mesma pois apesar de ver muitos ainda lutando, a vergonha pela pasmaceira
generalizada só faz aumentar dentro de mim
a vergonha
por quem se diz consciente mas nada faz
a
vergonha por quem não assume seus atos, seu voto
a
vergonha por quem vê mas finge que não, ouve mas finge que não
vergonha por mim, que penso em desistir mas
sigo por que não sei ser diferente,
então vivo uma
mentira
Dei voz a personagem que diz “então eu sairei e caminharei
sozinha, sendo levada pelo vento puro e limpo que vem do princípio do mundo e
ficarei pequenina, pequenina, pequenina...”
É isso que sinto... Quero ficar pequenina, pequenina...
Pequenina até sumir...
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