Há muito tempo esta cidade deixou de ser alegre. Alguns
raros momentos de sorrisos, no máximo, temos agora.
Violência galopante, crise generalizada de valores éticos, morais
e financeiros. Educação e cultura – base da formação do cidadão – amargamente destroçadas
por interesses diversos dos da maioria da população. Escolas abandonadas,
professores mal remunerados e agredidos de todas as formas por alunos, seus
familiares e ‘autoridades’. Salas de teatro fechadas, virando ruínas enquanto
seus antigos equipamentos são espalhados conforme necessidade de uma gestão
municipal caótica. Artistas sem salas e impedidos de trabalharem nas ruas,
apesar da constituição federal.
Destruição, descaso, descrédito, desânimo.
Ruas e avenidas selvagemente escancaradas para que mais
carros as ocupem ao invés de humanizá-las para recuperar a dignidade dos seres
humanos que aqui vivem.
Patrimônio histórico e cultural demolido à luz do dia com o
aval (pago?) de quem deveria protegê-lo.
Tudo nesta cidade grita que as pessoas devem se enclausurar mais,
individualizando cada vez mais a vida, impedindo o intercâmbio, a possibilidade
de uma evolução real.
Não há mais onde colocar o lixo, joga-se no chão.
Os “outros” fazem, por que eu não?
Os contêineres que deveriam facilitar a coleta de lixo, hoje
são motivo de mais lixo nas ruas – pois pessoas remexem nele a procura de
COMIDA! – e atravancamento do trânsito, pois os caminhões ocupam, parados, o
mesmo espaço por vários minutos. Contêineres que deveriam ocupar vagas de
estacionamento, muitas e muitas vezes ocupam estreitas calçadas obrigando
pedestres a descer à via asfaltada, onde à mercê de motoristas imprudentes
ainda ouvem xingamentos.
“As pessoas não usam as árvores” bradou o prefeito que certamente
nunca foi ao ainda existente Jardim Botânico ou a um dos parques da cidade para
sentar com o filho à sombra. Arrancam-nas como erva daninha.
Centro cultural? Para quem? Vamos esvaziar a Usina do Gasômetro
e seu entorno para que possa servir de ancoradouro a quem tem poder aquisitivo
para ter um barco e bancar bares e restaurantes exclusivos na orla – com espaço
interno para acervo de empresas privadas, totalmente fora da realidade da população,
como o elefante branco da Fundação Iberê Camargo onde só chega quem tem carro ou
usa taxi. Quer ir a pé ou de transporte público? Boa sorte: a parada é longe e
não há como atravessar em segurança.
Teatro de Câmara:fechado
Sala Carlos Carvalho: fechada
Teatro do IPE: fechado
Renascença: sucateado, já incendiou com público dentro,
torna-se um forno no verão ou, com um gigante metálico chamado de ar
condicionado é preciso sentar na frente para escutar o espetáculo; Alvaro
Moreyra: boa sorte em não afundar a perna no piso ou receber o teto na cabeça.
Sem falar nos assaltos dentro e fora do Centro Municipal de Cultura.
Espaços privados lutam para não morrer à mingua pois as
empresas usam seus recursos como investimento e não patrocínio, amparadas por
uma legislação que só legitima o status quo.
MATA-SE por uma bolsa com 20 reais e amedrontadas, as
pessoas deixam de procurar diversão, entretenimento e arte fora de casa.
As mesmas avenidas foram refeitas, fazendo com que obras que
seriam “para a Copa do Mundo”, continuem depauperando cofres públicos
(aumentemos os impostos!) e sob o comando de incompetentes que refazem as obras
com os mesmos erros.
POSTOS DE SAÚDE sem estrutura onde profissionais
despreparados estão à mercê de pessoas armadas exigindo seus direitos, de
população cansada de descaso que vomita sobre eles sua raiva e impotência –
sentida por eles também.
CAOS!
E as pessoas continuarão votando? Continuarão acreditando
que elas não têm nenhuma ligação com isso tudo?
TRISTEZA.
Nenhum comentário:
Postar um comentário