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sábado, 12 de julho de 2014

Pela Paz, Censura Não!

Pasma, descubro em rede social discussão sobre suposto ato de sectarismo por parte de grupo de teatro local.
Incrédula, pesquiso postagens que elucidem esse disparate.
Surpresa, deparo-me com uma nota de esclarecimento e pedido de desculpas do grupo. Aprofundo a busca, intrigada e apavorada.
Embasbacada, vejo uma interminável relação de postagens inacreditáveis onde o Teatro Sarcáustico aparece retratado como um grande vilão. Felizmente, muitos apareceram em sua defesa e em defesa de um pensamento esclarecedor e conciliador.

Inegavelmente, apesar dos avanços nas mais recentes décadas – através, por exemplo, das mal redigidas, porém preciosas Leis brasileiras como as federais 11.340 e 12.288 e a estadual 13.694, há muito a ser feito em todo o planeta no sentido de extinguir toda espécie de sectarismo e violência entre os seres ditos humanos. Mas é preciso agir com inteligência e escolher as batalhas e armas. Ou para ser menos “belicosa”, os problemas reais e os recursos corretos. 
Poderia o grupo valer-se também do código Penal Brasileiro e juntar provas físicas de crime de difamação e quiçá injúria, pois não li todas as postagens “das reclamantes”. Porém agiram com a ponderação que não houve por parte de seus detratores. Certamente os esforços devem ser direcionados para ações afirmativas que tragam resultados efetivos e saudáveis.

Considero um absurdo o grupo ter que se colocar na posição de pedir desculpas por ações artísticas. Isso tudo me parece surreal! Como as pessoas pedem o fim da violência contra a mulher sendo agressivas?

Estou ultrajada como mulher, como ser humano de pensar que existem mulheres que se colocam ainda na posição de vítimas intelectualizadas. Aparentemente quem está reclamando são pessoas supostamente politizadas? COMO ASSIM? Quem vai num evento artístico e não gosta, sai e pronto! Se acha que cabe, vai ao MP, a uma Delegacia e dá queixa de ofensa.
As pessoas que não conhecem o trabalho deles e ignoram o contexto, realmente acreditam que o correto é o grupo ser “permeável” e baixar o nível de compreensão do público? Qualquer dia estaremos grunhindo e rabiscando paredes de pedra pois as pessoas não buscarão instrução para entender sequer o outro à sua frente. A quem isso interessa?

O País tem uma constituição que nos dá liberdade de expressão. Em caso de eventual ação do MP serão chamados, explicam suas ações artísticas exatamente como em ditaduras e censura. Trocar a foto pode ser muito mais que um sacrifício pra quem é artista, pode ser o retorno de uma submissão à nova ditadura em moda: o politicamente correto.

Tenebrosos tempos estes em que somos adestrados à autocensura. Protegidas fisicamente pelo uso da internet, pessoas armam discussões inócuas, demonstrando desconhecimento e agindo com desrespeito em nome DO RESPEITO!
Perde-se não apenas o respeito ao descambar para xingamentos vazios, como também uma enorme oportunidade de cooptar grupo de artistas criativos e atuantes para, através do teatro, este forte instrumento de comunicação e educação, levantar discussões pertinentes em diversas partes da cidade e do Estado. ESSA SIM, UMA AÇÃO DIGNA DE NOTA E RELEVO que traria algo de bom ao invés deste circo armado por ignorantes. A miopia impede de ver à distância que violência contra mulheres não acontece apenas a partir dos homens.
Enquanto isso, o verdadeiro “inimigo” está nas ruas, nas casas, fazendo mais vítimas.

QUANDO VAMOS ENTENDER QUE CADA UM ou UMA DE NÓS É "O OUTRO"? Talvez só assim começaremos a tratá-lo melhor. Se nos preocupássemos menos em achar que alguém tem que tornar o mundo melhor e nos preocupássemos mais em sermos melhores, o mundo seria melhor, né, não?


Em tempo: muitas pessoas precisam entender, de uma vez por todas, o que é feminismo e feminismo. Informem-se, por favor!