Pasma, descubro em
rede social discussão sobre suposto ato de sectarismo por parte de grupo de
teatro local.
Incrédula, pesquiso
postagens que elucidem esse disparate.
Surpresa, deparo-me
com uma nota de esclarecimento e pedido de desculpas do grupo. Aprofundo a
busca, intrigada e apavorada.
Embasbacada, vejo
uma interminável relação de postagens inacreditáveis onde o Teatro Sarcáustico
aparece retratado como um grande vilão. Felizmente, muitos apareceram em sua
defesa e em defesa de um pensamento esclarecedor e conciliador.
Inegavelmente,
apesar dos avanços nas mais recentes décadas – através, por exemplo, das mal
redigidas, porém preciosas Leis brasileiras como as federais 11.340 e 12.288 e
a estadual 13.694, há muito a ser feito em todo o planeta no sentido de
extinguir toda espécie de sectarismo e violência entre os seres ditos humanos. Mas
é preciso agir com inteligência e escolher as batalhas e armas. Ou para ser
menos “belicosa”, os problemas reais e os recursos corretos.
Poderia o grupo
valer-se também do código Penal Brasileiro e juntar provas físicas de crime de
difamação e quiçá injúria, pois não li todas as postagens “das reclamantes”.
Porém agiram com a ponderação que não houve por parte de seus detratores.
Certamente os esforços devem ser direcionados para ações afirmativas que tragam
resultados efetivos e saudáveis.
Considero um absurdo o grupo ter que se colocar na posição de pedir desculpas por ações
artísticas. Isso tudo me parece surreal! Como
as pessoas pedem o fim da violência contra a mulher sendo agressivas?
Estou
ultrajada como mulher, como ser humano de pensar que existem mulheres que se
colocam ainda na posição de vítimas intelectualizadas. Aparentemente quem está
reclamando são pessoas supostamente politizadas? COMO ASSIM? Quem vai num
evento artístico e não gosta, sai e pronto! Se acha que cabe, vai ao MP, a uma
Delegacia e dá queixa de ofensa.
As
pessoas que não conhecem o trabalho deles e ignoram o contexto, realmente
acreditam que o correto é o grupo ser “permeável” e baixar o nível de
compreensão do público? Qualquer dia estaremos grunhindo e rabiscando paredes
de pedra pois as pessoas não buscarão instrução para entender sequer o outro à
sua frente. A quem isso interessa?
O
País tem uma constituição que nos dá liberdade de expressão. Em caso de
eventual ação do MP serão chamados, explicam suas ações artísticas exatamente
como em ditaduras e censura. Trocar a foto pode ser muito mais que um
sacrifício pra quem é artista, pode ser o retorno de uma submissão à nova
ditadura em moda: o politicamente correto.
Tenebrosos tempos
estes em que somos adestrados à autocensura. Protegidas fisicamente pelo uso da
internet, pessoas armam discussões inócuas, demonstrando desconhecimento e
agindo com desrespeito em nome DO RESPEITO!
Perde-se não apenas
o respeito ao descambar para xingamentos vazios, como também uma enorme
oportunidade de cooptar grupo de artistas criativos e atuantes para, através do
teatro, este forte instrumento de comunicação e educação, levantar discussões
pertinentes em diversas partes da cidade e do Estado. ESSA SIM, UMA AÇÃO DIGNA
DE NOTA E RELEVO que traria algo de bom ao invés deste circo armado por ignorantes. A miopia impede de ver à distância que violência contra mulheres não acontece apenas a partir dos homens.
Enquanto isso, o
verdadeiro “inimigo” está nas ruas, nas casas, fazendo mais vítimas.
QUANDO
VAMOS ENTENDER QUE CADA UM ou UMA DE NÓS É "O OUTRO"? Talvez só assim
começaremos a tratá-lo melhor. Se nos preocupássemos menos em achar que alguém
tem que tornar o mundo melhor e nos preocupássemos mais em sermos melhores, o
mundo seria melhor, né, não?
Em tempo: muitas pessoas precisam entender, de uma vez por todas, o que é feminismo e feminismo. Informem-se, por favor!
Um comentário:
Muito bom! Valeu!
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