(carona num caminhão boiadeiro, no caminho pro Itaimbezinho / Aparados da Serra)
Não sou 'ligada' em carros e motos, mas no que eles podem proporcionar, especialmente os carros OFF ROAD. Lembro direitinho da sensação de entrar no deserto (Atacama, no norte do Chile) pela primeira vez. Me senti em casa. Pedi à minha amiga chilena: posso dirigir? Ela deixou.
E não tenho idéia se o motor tinha algum som, pois estava como numa câmara anecóica*, apenas 'sentindo' o ambiente, sensação parecida com a que senti ao acordar no silêncio da noite nos Andes, cruzando as terras (deveria dizer montanhas?) que separam a Argentina do Chile.
Pra mim, até agora, é tudo "jipe". Aos poucos vou me habituar com as diferenças. Com os dois carros que tive, meu maior prazer era pegar a estrada. Não é a velocidade, mas o caminho que me interessa. Paisagens, pessoas, lugares. E o 'chegar' a um novo lugar.
Desde quando ia acampar com amigos na adolescência, me encantava pegar estrada de chão a pé pra ir aos Aparados da Serra, por exemplo. A gente acampava dentro do Parque - na época ainda era permitido - e ficava dias curtindo o lugar. Diziam que era uma distância de 14km a pé da estrada principal ao interior do Parque. Nunca soube se era verdade, mas a gente caminhava muitas horas com TUDO nas costas: barraca, cobertores, comida, roupas. E na volta era uma caminhada apreensiva, pois o ônibus só passava na estrada principal bem cedo pela manhã e era o único horário diário. Um amigo ficou no caminho uma vez. Mas acho que foi pelo excesso de 'trago' na véspera, rsrsrs. Me sentia (mentira, ainda me sinto, principalmente quando levanto o capô do carro e resolvo algo sozinha, ^^) uma heroína entre os 'machos' de plantão. Depois dá-lhe creme na pele vermelha, pois não era comum o uso ou a venda de protetor solar, então. Acampamentos por lugares lindos no estado foram constantes dali pra frente.
Depois vieram as poucas viagens: Chile, Argentina, interior do RS, península ibérica, etc. Na maioria das vezes, viajei sozinha, pra optar direita ou esquerda ao sair do alojamento que tivesse conseguido por pura sorte (ou azar) sem intervenções alheias. Na segunda vez no Chile quase atravessei todo o deserto pra ir até o Peru. Mas tinha marcado retorno com a família em Porto Alegre e costumo cumprir compromissos (ascendente em virgem), pra desespero de meu lado aventureiro (sol em sagitário).
Alguns amigos têm moto, o que me deixa apreensiva, mas não menos curiosa. Ouço as histórias de viagens com atenção infantil, olhos vidrados. Ao vir morar em São Paulo, uma das minhas resoluções era começar a desbravar o estado e os entornos - morria pra conhecer Minas Gerais, mesmo que fosse de ônibus. Aí encontrei uma conhecida de Porto Alegre. Ela tem moto e carro. Combinamos que começaríamos a fazer isso na moto dela. Um dia pegamos a estrada antiga pra Santos, de moto, arredores de Riacho Grande. Foi ótimo, apesar de cansativo. Era um teste pra ela andar com alguém na carona e pra vermos o quanto nossos corpos saradíssimos aguentariam. Mas a vida é sempre alheia à nossa vontade e ela sofreu um acidente - não muito grave - de moto e ficou de molho, acabamos nos desarticulando.
Teve aquela vez do rafting em Três Coroas com amigos da publicidade, inclusive a Sandra Bordin, com quem trabalho hoje aqui em São Paulo. Dia lindo aquele. Por vários motivos.
(rafting em Três Coroas)
Este ano fui, finalmente, a Minas (álbuns Mariana, Ouro Preto e Tiradentes) com uma amiga baiana (de Bom Jesus da Lapa) que mora há muitos anos em São Paulo. Pegamos uns dias de feriado e ficamos quase 5 dias fora. O combinado: ela tem horror de dirigir na estrada e usaríamos o 'jipe' dela mas eu teria que dirigir. Que chato, né? Dirigi São Paulo/Ouro Preto/Tiradentes/São Paulo, os 'entremeios' e também caminhei MUITO, bem como curto fazer. Estava querendo ir a Bom Jesus da Lapa/BA com ela no final do ano, mas ainda não sei se será possível.
No momento, estou excitadíssima com uma possibilidade que surgiu no horizonte. Mas não vou comentar nada por enquanto, pra não entrar lama na história.
Dica: este site pode ser muito interessante pra quem curte viagens, aventuras...
.............................................................
*Tive oportunidade durante uma produção publicitária, de ficar dentro de uma dessas câmaras. A gente ouve até o pensamento. O ruído dos órgãos, tipo coração, intestino, é muita doideira. Me lembrou o 'espaço vazio' a que Peter Brook se refere no seu trabalho. Pra algumas pessoas, pode ser enlouquecedor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário