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quinta-feira, 30 de julho de 2009

Conhecendo Teatro pelo Brasil

Mal sabia eu que assistir “Vau da Sarapalha” no 1° Porto Alegre em Cena seria assistir um marco do teatro brasileiro. Catorze anos depois, esse intercâmbio não é apenas uma constante, mas uma necessidade da humanidade atual, especialmente nas artes.

“Vau” (como carinhosamente é chamada pelos integrantes do grupo) traz – há 17 anos – ao Brasil a temática regional, a realidade que o país ainda finge não ver, enredada por sentimentos humanos tão comuns e desde há muito retratada por escritores como Guimarães Rosa. Marco do teatro físico no Brasil, o espetáculo marca também muito fortemente a trajetória de mais de 30 anos do Piollin Grupo de Teatro de João Pessoa, do Estado da Paraíba. Tão forte que apenas em 2006 o grupo retoma sua busca teatral, encontrando em Tchekov um ‘novo’ caminho de experimentação e conhecimento.

Neste mês de julho, em parceria com a Funarte, Piollin está em São Paulo (serviço abaixo) apresentando seu repertório, participando de encontros, ministrando oficinas.

O encontro “Ponto a Ponto” desta quarta-feira, dia 29 de julho, foi na sede do Teatro Commune, com a apresentação de “O Asno” de Dario Fo pelos jovens atores aprendizes do projeto Foco Teatral do Commune e nele houve a oportunidade de conhecer um pouco mais da história de um grupo que ainda busca unificar sua ‘identidade’ de discurso. Ainda que sempre existam divergências, o importante é a existência, entre os membros do grupo, de princípios norteadores iguais, como bem disse Ana Luiz Camino

Impossível não pensarmos novamente na ladainha “qual o papel social do teatro?”, “até que ponto comercializamos nossa arte?”, “como arte e esporte trabalham para uma verdadeira ‘inclusão social’?”, etc. De que falamos quando pensamos em ‘papel social’ e ‘inclusão social’? Quem deve ser o agente disso? Como isso se dá? Quando vamos assumir o papel de agentes na nossa sociedade como cidadãos e não apenas como contribuintes e eleitores que se sentem lesados mas nada fazem pra mudar o status quo?

Se há realmente essa vocação no ator - como no jornalista, no chargista, no escritor, no pintor ou escultor – ele nunca conseguirá ficar parado sem trazer à luz essas inquietações, sejam elas existenciais ou sociais.

Piollin hoje significa ESCOLA PIOLLIN, CARAVANA PIOLLIN, CENTRO CULTURAL PIOLLIN (Teatro Piollin). Tudo junto e ao mesmo tempo cada um com seu caminho a seguir.

O grupo que encena, estuda, aprimora técnicas teatrais é o mesmo que leva espetáculos de arte e cultura para a cidade – em especial ao bairro onde atua – que reforma e recupera imóveis do antigo Engenho Paul (atual sede), que está concluindo as obras do Teatro Piollin (‘estamos construindo os camarins’, conta orgulhoso Buda Lira) e tem um programa de arte-educação com a formação de 80 alunos e alunas através de oficinas de arte em dois turnos enquanto circula pelo Brasil através do Palco Giratório do SESC e da Caravana Piollin e ainda participa de festivais.

Para divulgar o centro e captar recursos, o Piollin oferece locação de estrutura para eventos e estúdio, agenda de espetáculos (resultado de oficinas) e cursos de teatro e circo. A Escola Piollin oferece a crianças oficinas de artes plásticas, teatro, moda, música, literatura, informática no contraturno escolar. Sua grande preocupação agora é saber que destino dar ao programa de formação e cumprir a meta de incluir socialmente adolescentes e crianças que ali estão.

Afinal, tudo é um grande “descobrir”.

E ainda tem gente que acha que ser artista é uma vida fácil.

http://www.centroculturalpiollin.blogspot.com/


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Do http://rodrigodearaujo.wordpress.com/2009/07/17/funarte-sp-e-petrobras-apresentamprojeto-de-intercambio-com-o-piollin/:

O Piollin Grupo de Teatro, de João Pessoa (PB), por meio de patrocínio da Petrobras, apresenta junto à Funarte São Paulo um intercâmbio cultural formado por dois espetáculos adultos premiados, uma apresentação infantil, uma oficina de palhaço e uma mesa de debates. O projeto, além da circular o repertório do grupo, tem como propósito desenvolver atividades de formação e reflexão sobre artes cênicas estimulando discussões sobre políticas públicas com a participação do diretor do Piollin Luiz Carlos Vasconcelos e participação do dramaturgo Francisco Medeiros e da jornalista Beth Nespolli.

O intercâmbio entre o Piollin Grupo de Teatro e a Funarte inclui a seguinte programação (detalhada abaixo): espetáculos de repertório A Gaivota (alguns rascunhos), de 22 a 26 de julho (Teatro de Arena Eugênio Kusnet), e Vau da Sarapalha, de 28 de julho a 2 de agosto (Sala Guiomar Novaes da Funarte); espetáculo infantil circense Silêncio Total com o Palhaço Xuxu, dias 31 de julho e 1º de agosto (pátio do Complexo Cultural Funarte); oficina Técnicas de Palhaço.

O Tempo Cômico com Luiz Carlos Vasconcelos, de 27 a 31 de julho (Sala Carlos Miranda); e Mesa de Debates Com Convidados, sobre a situação atual das artes cênicas em todo o território nacional, no dia 3 de agosto (Sala Guiomar Novaes).

Programação – Apresentações de repertório* Espetáculo: A Gaivota (alguns rascunhos)

Texto inspirado em conto de Anton Tchekhov

Direção, adaptação e cenário: Haroldo Rego

Elenco: Ana Luiza Camino, Buda Lira, Everaldo Pontes, Nanego Lira e Thardelly Lima.

Iluminação: Fabiano Diniz

Trilha sonora: Coletiva

Figurino: Alexandre Targino

Fotografia: Bertrand Lira, Adriano Franco e Raro de Oliveira

Produção: Piollin Grupo de Teatro e Cristhine Lucena

Direção de produção/SP: Rafael SchiesariProdução/SP: Método Gestão e Produção Cultural

Reestreia: 22 de julho – quarta – às 21 horasApresentações/público: 23 a 26 de julho – quinta a sábado (21h) e domingo (20h)

Local: Teatro de Arena Eugênio Kusnet – 99 lugaresRua Dr. Teodoro Baima, 94 – Vila Buarque/SP – Tel: (11) 3256-9463Ingressos: R$ 10,00 (¹/2 entrada: R$ 5,00 e ½ entrada para força de trabalho da Petrobras que apresentar o crachá e para clientes do cartão Petrobras que o apresentarem).

Duração: 60 min –

Gênero: Drama – Classificação etária: 14 anos – Acesso universal e ar condicionado

Bilheteria: 1h antes das sessões – Não aceita cheque/cartão. Reservas somente para grupos: 3662-5177.

As Camadas de vida e arte se entrecortam.

Existe um meio termo satisfatório entre ingenuidade banal e o cinismo? Ainda pode haver lugar para a delicadeza em meio a tanta violência? Acreditar em quê, hoje? Como? Piollin Grupo de Teatro rascunha estes temas na encenação, a partir do clássico de Anton Tchekhov.

São sempre tantas as questões: aproximação e afastamento, universal e particular, perspectiva do tempo. O nosso tempo: a cena é colocada mais como reflexo do nosso olhar do que concretização de um texto.Com este espetáculo o grupo apostou, mais uma vez, no projeto cultural que deu origem à Escola Piollin, há mais de trinta anos, desta feita nas novas instalações do Teatro Piollin, espaço que (re)assenta algumas questões tão raras ao grupo e ao teatro paraibano: necessidade premente de aproximação com o público e o diálogo permanente com parceiros, artistas e técnicos de diferentes pólos urbanos do país.*

Espetáculo: Vau da Sarapalha

Adaptação do texto Sarapalha de João Guimarães Rosa

Direção e adaptação: Luiz Carlos Vasconcelos

Elenco: Escurinho (Capeta), Everaldo Pontes (Primo Ribeiro), Nanego Lira (Primo Argemiro), Servílio de Holanda (Perdigueiro Jiló) e Soia Lira (Negra Ceição).

Cenografia e iluminação: Luiz Carlos Vasconcelos

Música original: Escurinho e Luiz Carlos

Sonoplastia ao vivo: Escurinho

Operador de luz: Eloy Pessoa

Produção: Piollin Grupo de Teatro e Cristhine Lucena

Direção de produção/SP: Rafael SchiesariProdução/SP: Método Gestão e Produção Cultural

Reestreia: 28 de julho – terça-feira – às 21 horasApresentações/público: 29 de julho a 2 de agosto – quarta a sábado (21h) e domingo (20h)

Local: Funarte SP – Sala Guiomar Novaes – 100 lugares – www.funarte.gov.brAl. Nothmann, 1.058, Campos Elíseos/SP

Tel: (11) 3662-5177Ingressos: R$ 10,00 (¹/2 entrada: R$ 5,00 e ½ entrada para força de trabalho da Petrobras que apresentar o crachá e para clientes do cartão Petrobras que o apresentarem).

Bilheteria: 1h antes das sessões – Não aceita cheque/cartão – Classificação etária: Livre

Gênero: Drama

Ar condicionado e acesso universal

Reservas somente para grupos: 3662-5177.

No enredo da peça, Argemiro vai plantar nas terras do primo Ribeiro, no Vau da Sarapalha, e já chega apaixonado por sua mulher, Luiza. Para evitar a separação e a fúria de sentimentos, que a revelação dessa paixão comum provocará, a velha Ceição manipula os elementos da natureza.Dois homens com malária, sentados num tronco, esquentando-se ao sol e esperando a morte.

Dois primos: Primo Ribeiro, o dono das terras que fica ali no Vau da Sarapalha, perdeu a mulher amada, Luiza, que fugiu com o boiadeiro. Primo Argemiro, o outro primo, veio morar ali, diziam que para plantar arroz à meia, mas veio por já estar apaixonado também pela mulher do primo, a própria Luiza. E, mesmo depois dela fugir com o boiadeiro, ele foi ficando.

Quem sabe, ela voltaria. O convívio, durante anos, estabelece uma relação de profunda amizade entre os dois. “Nem um irmão, nem um filho não podia ser tão bom… não podia ser tão caridoso pra mim…” diz Primo Ribeiro, cheio de gratidão, para Primo Argemiro, que se debate interiormente com remorsos por estar o enganando.

“Não… É hoje!” E resolve revelar seu segredo: “Eu também gostei dela primo!” Até os pássaros da mata gritam a dor do Primo Ribeiro. Com eles, outros dois personagens: Jiló, o cachorro magro e cheio de bernes, que dorme ali perto e se empenha em ser fiel; e a velha Ceição, que no espetáculo se revela sabedoura de conhecimentos ancestrais.

Ela, ajudada por seu capeta, tentará impedir o que lhe é anunciado, na leitura dos gravetos da fogueira e nos cacos dos potes que se quebram: a separação e a fúria de sentimentos que a revelação dessa paixão comum provocará.

O espetáculo já viajou para vários países (Colômbia, Espanha, Portugal, Alemanha, Uruguai, Bélgica, Venezuela e Inglaterra) e recebeu dezenas de prêmios, entre eles destaque para:

XIII Festival Nacional de Teatro de São José do Rio Preto, 1992 (Melhor espetáculo, diretor, ator, ator coadjuvante, atriz coadjuvante, cenário, iluminação e sonoplastia);

Troféu Imprensa e Prefeitura Municipal de João Pessoa, 1992 (Melhor diretor, espetáculo, atriz, ator e ator coadjuvante);

Troféu Mambembe IBAC/MinC,1993 (indicação de Melhor Diretor);

Prêmio Shell, 1993 (indicação Categoria Especial);

VIII Festival Ibero-americano de Teatro de Cadiz, Espanha, 1993 (Prêmio da Associação Comercial de Cadiz e Melhor Interpretação – Servílio Gomes); e outros.

Apresentação circense – infantil* Espetáculo ao ar livre: Palhaço Xuxu em Silêncio

TotalCriação,

direção e interpretação: Luiz Carlos Vasconcelos

Diretor assistente: Luis Carlos Nem

Produção: Piollin Grupo de Teatro e Cristhine Lucena

Diretor de Produção Regional SP: Rafael Schiesari

Produção SP: Método Gestão e Produção Cultural

Data: 31 de julho e 1º de agosto – sexta-feira e sábado – às 16horas

Local: Pátio do Complexo Funarte São PauloAl. Nothmann, 1.058, Campos Elíseos/SP – Tel: (11) 3662-5177

Grátis

Classificação etária: Livre – Duração: 50 min – www.funarte.gov.br

No programa de atividades de Intercâmbio o ator e diretor Luiz Carlos Vasconcelos apresenta de seu personagem, o Palhaço Xuxu, com todas as suas peripécias. Xuxu é um palhaço que nos remete às memórias da infância, à magia do circo e aos primeiros atores de rua; sua alma revela o lado risível da nossa humanidade.O Palhaço Xuxu existe com este nome, desde 1978.

Surgiu e se desenvolveu em experimentações de rua, basicamente por meio de improvisos, onde o material que surgia era selecionado naturalmente pela aceitação ou não do público. Outras fontes de seu material cênico foram: a experiência como aluno da Escola Nacional de Circo do Rio de Janeiro, onde aperfeiçoou as técnicas circenses de equilíbrio e monociclo, dentre outras, e a experiência musical, inicialmente com o violino, depois com o antigo fole alemão de oito baixos. Ator e diretor de teatro, desde sua infância em Umbuzeiro (PB), Luiz Carlos estreou como ator de cinema em 1997, onde também tem atuado desde então.

Vasconcelos explica o que faz um homem se tornar um palhaço. “Talvez, certos homens, para poder crescer, precisem se expor assim. Xuxu me acompanha desde muito tempo; devo-lhe muito. Convivendo com ele aprendi a olhar o mundo e as pessoas com olhos mais atentos e sinceros. Aprendi também a olhar para mim, e após o primeiro susto, desatar a rir. Estou ampliado nele. Minha vaidade, por exemplo, expressão do meu egoísmo, se transforma em atitude generosa ao divertir os outros. A dimensão de um palhaço está diretamente relacionada à dimensão do real ridículo de quem o encarna. Tornar esse ridículo risível ou terno e oferecê-lo aos outros, é a missão dos palhaços. Portanto, ao olhar para o Xuxu, não tenha dúvida, somos assim mesmo”.

Programação – Debate e Oficina* Oficina: Técnicas de Palhaço.

O Tempo Cômico

Ministrante: Luiz Carlos Vasconcelos – Palhaço Xuxu

Data: 27 a 30 de julho (9h às 13h) e 31 de julho (9h às 11h30)

Local: Funarte SP – Sala Carlos MirandaAl. Nothmann, 1.058, Campos Elíseos/SP – Tel: (11) 3662-5177

Para estudantes e profissionais de artes cênicas – 15 vagas - Inscrições: encerradas!

A oficina Técnicas de Palhaço.

O Tempo Cômico Tratará principalmente, como indica o nome da oficina, sobre a percepção e utilização do tempo cômico no trabalho do palhaço. Palhaços não se criam, são revelados. Já existem no interior.

A construção do palhaço é um ato de coragem e generosidade, significa oferecer ao outro o seu próprio ridículo e, para que essa expressão risível ou terna funcione, ela tem que ser verdadeira. É sobre essa verdade que trabalha Luiz Carlos Vasconcelos.* Mesa de Debate com Convidados Tema: Qual o tipo de construção teatral contemporânea e de que maneira os múltiplos caminhos cênicos se comunicam com o público para atingir ou provocar ações e reações nas pessoas de nosso tempo?

Integrantes: Luiz Carlos Vasconcelos (diretor do Piolin), Francisco Medeiros (dramaturgo) e Beth Néspoli (jornalista).

Concepção: Rafael Schiesari

Data: 3 de agosto – segunda-feira – às 20 horas

Local: Funarte SP – Sala Guiomar Novaes

Al. Nothmann, 1.058, Campos Elíseos/SP – Tel: (11) 3662-5177

Público Alvo: estudantes e profissionais de artes cênicas e público interessados, em geral.Duração: 2h30m – Ar condicionado e acesso universal – www.funarte.gov.brEsta mesa de debates se propõe a estimular a discussão sobre as artes cênicas nas diversas regiões do território brasileiro, no âmbito criativo e político. Discutir a política atual em torno do (des)favorecimento da arte e sua política interna com os meios de sustentação e articulação (aplicados por grupos e entidades representativas).

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