Sério!
ADORO a franqueza por vezes cruel dessa nossa fase tão esquecida. Reli recentemente "Quando eu voltar a ser criança", de Janusz Korczak. E é tão fácil deixar pra lá o menino que esbarrou na gente no supermercado cujo pai (envergonhado) repreende, pedindo 'calma'. Assim como foi muito, mas muito engraçado o que acabei de passar no elevador do prédio.
Algumas crianças do edifício correm pra mim. Não pela minha simpatia, mas pra perguntar da minha tartaruga Isla, que hoje está recebendo a visita da 'prima' ainda de sexo indefinido que minha amigona Ana tem em casa há alguns meses. Como ontem prometi que desceria com ela ao pátio se fizesse sol, vieram me cobrar isso.
"Acontece que tava fazendo compras na hora que deu sol. Sou sozinha pra fazer faxina, lavar roupa, fazer compras, não deu pra descer."
E a menina rapidamente: "Porque você não arranja um marido? Faz assim: vai na praia, pega uma cor, fica bonita e arruma um namorado!".
Dei muita risada e perguntei se ela não gostava da minha cor clarinha. Respondeu rapidamente que era pra ficar "MAIS bonita".
Depois me peguei pensando em tudo que está por trás daquelas duas frases.
De cara "arranjar" um marido aparece como uma necessidade pra diminuir as tarefas domésticas e um aprendizado básico de gerações pós-feminismo. No ideal de beleza vigente, uma tez bronzeada é preferível, já que a do outro menino, naturalmente morena foi citada na conversa como fora de cogitação e a minha... Bem, deixemos pra lá a questão da "cor".
Aí veio outra idéia: isso de 'arranjar' um companheiro é condição sine qua non pra sermos aceitos em sociedade? E as minhas vontades e escolhas, contam?
Não, não vou começar nenhum discurso feminista ou algum tipo de discussão à qual não estou apta. Só fiquei pensando...
Nenhum comentário:
Postar um comentário