Pesquisar este blog
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
*2/3/99 + 14/9/09 - Perseu Ulisses
E agora, que fazemos "da vida sem você"?
Como um cão pode ser tão especial a ponto de fazer os demais calarem à passagem de seu cortejo final?
Como um cão pode ser tão especial pra unir uma família de norte a sul do país em pranto por sua partida?
"Não sei. Só sei que foi assim" que Perseu Ulisses chegou e ficará pra sempre nas nossas vidas.
*2/3/99 + 14/9/09
......................................
Meus pais têm um sítio que agora foi arrendado. Em função disso, os cachorros de lá foram pro sítio onde meu irmão mora com a família noutro município. Daí ficaram 2 clãs cachorrísticos que não podem se misturar de forma alguma. Do lado 'de cá' eram Perseu Ulisses e Baggio (do meu irmão) e Varuna e Ramona (da minha cunhada) , liderados por Perseu. Do lado de lá e mais restritos a um canil, o outro clã, família e agregados que foram chegando. Eram uns 9 cães.
Apenas Tequila circula livremente dos dois lados. Do lado de lá, nenhum ser vivo passa sem ser imediatamente percebido e saudado por latidos que vão desde o fila Boris até a guaipeca Tequila que pipoca entre as terras de vizinhos e vem dormir onde melhor lhe aprouver.
Na noite de segunda, quando 'ele' não voltou pra casa, seus resmungos ainda eram ouvidos do lado de fora da casa.
Nesta tarde de terça-feira, quando a carretinha levava o corpinho sem vida de Perseu envolto numa manta pra ser enterrado quase junto à antiga figueira cujo longo braço formou nova árvore e outro se segue a este, Ramona (a mais nova) seguia com olhar tristonho ao lado da roda. Varuna olhou minha mãe com olhar de agradecimento, me relatou esta.
Ao passar em frente à área do canil minha família esperava os latidos de costume.
Nada.
Nenhum ruído.
Nem um rosnado ou gemido.
Apenas o silêncio de companheiros de vida que sentiam a dor da despedida e tiveram o respeito que muitos 'seres humanos' não têm sequer entre si.
Eu aqui, sentindo os soluços do meu irmão junto ao meu peito.
Eu aqui, lutando com minhas escolhas, aprendendo com elas e agradecendo a escolha de Perseu.
ELE NOS ESCOLHEU.
ELE NOS ENSINOU SOBRE AMOR INCONDICIONAL.
ELE ME TIROU A FOBIA DE CÃES.
ELE FOI O ÚNICO CÃO QUE MINHA MÃE PERMITIU ENTRAR EM CASA (E SUBIR EM SUA CAMA!!).
ELE CUIDOU DO MEU IRMÃO COM UMA DEVOÇÃO SEM PRECEDENTES.
E POR MAIS QUE EU SAIBA QUE FOI A MELHOR ESCOLHA POIS SOFRERIA DORES DEMAIS COM UMA DOENÇA RARA E TERRÍVEL, AINDA SIM, EGOÍSTA QUE SOU,
CHORO POR NÃO TER ME DESPEDIDO NOVAMENTE.
CHORO POR ESTAR LONGE.
CHORO POR AQUELES QUE SOFRERÃO AINDA TANTAS DORES ATÉ APRENDER A SE DOAR COMO ESTE LINDO SER.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
sem palavras...
tu consegues imaginar nosso vazio toda vez que vamos tratá-los e falta um para sentar em frente ao pote?
ou qdo vamos dar boa noite para eles e falta uma cabecinha para afagar? ou qdo estamos voltando para casa e sabemos que um latido não será escutado?
não sei qdo este vazio vai desaparecer... talvez nunca... talvez o tempo amenize...
posso te garantir que está sendo muito difícil!
abção!
daia
(minha cunhada)
Postar um comentário