É possível?

Foram mais de 20 minutos - eu acho - de fogos. E eu ali, anestesiada.

Lembrando de todas as comemorações e emoções pelas quais o Inter já me fez passar.

Quando criança, com minha mãe, que sentada na janela do chevettinho segurava um cabo de vassoura com toalha de mesa e mais tarde, nossa bandeira feita em casa!
Lembrando de minha mãe contando como e por que se tornou colorada e quantos jogos teve que assistir dentro do estádio rival mantendo-se quieta quando queria gritar GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL do nosso vermelho amado pois era de uma família essencialmente gremista.
Lembrando de todos os amigos colorados espalhados mundo afora que não puderam vir, dos que lembraram de me ligar ou mandar mensagens da noite mal-dormida de véspera e das pessoas com quem compartilhei cada momento do dia da final em Porto Alegre.

Daqueles que não pouparam esforços pra me ajudar a entrar no Beira-rio. Agradeço de coração mas não precisou. O Beira-rio pulsava dentro de mim. Fui pra lá bem cedo, rimos, brincamos, churrasqueamos. Ficamos tensos.

Lembrando de cantar sozinha e xingar colorados calados em jogos perdidos.

Lembrando do AMIGOS gremistas, palmeirenses, corintianos, sãopaulinos e tantos outros que lembravam de mim naquela hora.

Lembrando de uma faixa gigante que pintamos em São Paulo pra mostrar quantas mulheres 'desterradas' amam esse clube. Nascidas ou não no RS. Por que paixão não liga pra geografia, né?

Lembrando de amizades que fiz por causa da paixão comum.

Lembrando do golaço do Nilmar no dia 10 de maio de 2009 que vi, AO VIVO, no Pacaembu.

Lembrando do tempo das vacas magras, quandos muitos ficaram pelo caminho.

Lembrando de aproveitar cada momento que vivemos agora com o nosso Internacional.

Lembrando do reconhecimento que, vaidosos, esperamos tempo ouvir e ler! Como do Marcelo Barreto e Juca Kfouri.

Acompanhei diversos amigos, em vários momentos diferentes até o portão. E fiquei de fora. Mas com aquela energia, a força daquela massa centralizada linda, vibrante, VERMELHA dentro de mim como o meu sangue.
Agora, já mais relaxada posso deixar correr as lágrimas e as palavras que evitei desde ontem.

Pela educação que tive em casa, que nos permitiu conviver, gremistas e colorados (gaúchos, brasileiros) na mesma casa, mesmo planeta, aprendemos a ficar felizes uns pelos outros. Por que, como tudo, futebol é parte do que, seres humanos, criamos pra nos entreter enquanto passamos por aqui.

E é possível passar com mais alegria, com mais perseverança, pois destes 41 percorridos, são mais de 35 anos de coloradice. Escolhida por amor.

Então, comemore colorado!