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sábado, 12 de janeiro de 2019

Função

Virou moda no braZiu dizer que não precisa de artista pra nada. Essa gente devia assistir só noticiário, devolver livros e discos, deixar de ir a shows, para começar.

Estão em cartaz dois filmes que colaboram para que mulheres mundo afora possam ver a injustiça de se permitirem estar à sombra e até mesmo servir a seus parceiros ficando relegadas a obscura posição de "minha mulher" deles.

Colette e A Esposa - este magistralmente interpretado por Glenn Close - são apenas exemplos que levam mulheres a pensar nas suas vidas, reavaliar seus interesses e seus direitos. Há pouco mais de 10 anos, interpretei uma mulher personagem de Tennessee Willliams que leva muitas pessoas às lágrimas e naquela oportunidade não foi diferente. Houve uma espectadora em especial, que saiu completamente abalada, aos prantos. Soube depois que ela fazia terapia há mais de 2 anos e naquela semana chegou no consultório e disse: "meu casamento é uma merda e por isso minha vida está essa bosta. Se não fizer algo logo, vou acabar morrendo.". Então explicou que havia visto a peça.

Pode um artista desejar prêmio maior que saber o quanto tocou o espectador? Descobrir quanto ajudou alguém a perceber o que não queria/conseguia discernir? Quando começamos aquele trabalho ele mexeu com cada um de nós de maneira bem peculiar e individual. Isso chegou ao público.

Fala-se muito em "função da arte". São muitas, provavelmente. Mas certamente VER o ser humano, expô-lo a si mesmo é um dos maiores desafios do artista e quando chega-se ao ponto de fazer com que sua vida mude, então...!

Foi um casamento, poderia ter sido o trabalho, a situação social da pessoa. O ponto é: quem teme a arte, teme por que? Por ela ter a capacidade de fazer pensar? A quem serve o sucateamento dos espaços culturais, o não-desenvolvimento do fazer artístico?

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