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segunda-feira, 9 de julho de 2012

CADA POVO TEM O GOVERNO QUE ELEGE!

( e nisso me incluo)



Em ano de eleição, penso numa coisa que se tornou uma premissa básica pra mim: todo aquele que crê ter o direito de ser chamado de ‘cidadão’ precisa, pelo menos uma vez na vida, ir a uma sessão plenária da câmara municipal de sua cidade e, dentro do possível, assembléia legislativa e congresso nacional. Só assim se começa a ter a mínima idéia do que aquilo representa.

Dito isso, façamos um breve resumo da atual situação do Centro Cenotécnico do Estado em Porto Alegre.

Centro Cenotécnico: aparelho PÚBLICO ESTADUAL que, sendo um antigo prédio (com importância histórica) da RFFSA, há 17 anos abriga atividades relacionadas à produção cultural do estado do Rio Grande do Sul. Nele é desenvolvida 80% das atividades do Estado relacionadas, principalmente, a questões de cenografia e técnica. Quase 30 municípios gaúchos já utilizaram suas dependências e serviços para produção de cinema, teatro e carnaval entre outras atividades como Natal Luz de Gramado, ensaios, oficinas, cursos, guarda de cenários e apresentações artísticas, inclusive algumas programadas para o próximo Festival Porto Alegre Em Cena, hoje realizado pela Prefeitura. Há inclusive projetos em andamento especialmente pensados para o local, como uma reforma sendo feita no momento! Levante a mão quem, trabalhando em Porto Alegre, nunca usou o lugar!

FATOS:
A Secretaria para a Copa tem os planos de obras em função do evento há mais de 2 anos.
Há poucos dias, a comunidade cultural foi pega de surpresa – nem mesmo o Diretor do Instituto Estadual de Artes Cênicas (Marcelo Restori), responsável pelo espaço recebeu qualquer informação oficial até agora – por um comunicado da Prefeitura de que o espaço deveria ser desocupado até a metade do mês de julho para DEMOLIÇÃO dos prédios que compõem o Centro Cenotécnico para dar lugar a uma obra viária subitamente imprescindível. O espaço em volta é tão ocioso que até mato tem nos arredores. A prefeitura oferece pagar o valor venal do prédio como ressarcimento.

Vamos pensar!

Quem é a prefeitura para determinar o valor de um bem cultural de tamanha importância? Não há base jurídica que justifique que o poder executivo, sozinho, decida o que tem ou não importância cultural para a comunidade.
Por que o poder público tenta fazer passar despercebida mais esta barbaridade deixando para avisar ‘na última hora’ uma classe que sabidamente faria mais alarde que os moradores hoje sem casa da Vila Tronco?

Diante da quase inevitável demolição do espaço, a comunidade busca junto a prefeitura municipal, um local com condições no mínimo iguais de espaço para deslocamento de materiais e atividades nele desenvolvidas. É tratada com descaso e arrogância.


Sabemos, a partir do valor legado à cultura nos orçamentos públicos, a dimensão da importância que os gestores públicos dão à cultura. Em Porto Alegre, não recebe nem 0,07% do orçamento. Essa é a cidade que pretende ser chamada de “Capital Cultural do MERCOSUL”? Faz-me rir!!
E ENCHEM A BOCA PRA FALAR DE PORTO ALEGE EM CENA, BIENAL DO MERCOSUL, NATAL LUZ DE GRAMADO. Quem vocês pensam que efetivamente produz isso senão artistas e técnicos?

A cultura costuma servir de palanque a oportunistas que vêem na política partidária uma forma fácil de ganhar dinheiro e poder. Os poucos que hoje em dia têm intenção legítima de fazer algo pela comunidade em que vivem são ofuscados pelas falcatruas que assolam o país.

Espantoso é ver como, de repente surgiu tanto dinheiro para obras. A propósito disso, famílias desalojadas em Porto Alegre – a título de ‘mobilidade urbana’ vivem de aluguel pago pela prefeitura. Pelo menos até o final da copa...
Obras que antes não eram necessárias passaram a ser prioridade. PARA QUEM?

Como bem lembrou o presidente do SATED/RS em sessão plenária na Câmara dos Deputados, a COPA acontece em Porto Alegre durante menos de 15 dias em 2014. Não podemos esquecer as mais de um milhão e setecentas mil pessoas que vivem e continuarão a viver e trabalhar cidade e nos arredores. E toda cadeia produtica que a produção de cultura envolve.

Nesta sessão a classe artística teve a oportunidade de se manifestar e ter a atenção dos vereadores que antes se negaram a falar conosco antes de 7 de agosto. A demolição está prevista para iniciar em 16 de julho!

Tive oportunidade de ver vereador chamando cidadão, que paga seu salário, de mentiroso. Tive oportunidade de ver ‘colega’ tentando censurar nossa manifestação legítima no espaço destinado AO POVO (com que intuito? Preservar suas 'boas relações'e 'benefícios'?). Tive oportunidade de ver vereador dizer que nossa classe agrediu o poder executivo no momento em que traz a público os fatos.

Os cerca de 30 artistas de várias áreas da cultura que lá estiveram conseguiram uma reunião com todas as instituições envolvidas e a comissão parlamentar de cultura da Câmara, marcada para dia 12 de julho próximo no sentido de conseguir, pelo menos, a troca do espaço por outro semelhante recentemente reformado pela prefeitura e de propriedade desta na Rua Olavo Bilac, hoje servindo de depósito para a Secretaria da Fazenda.

Espera-se que o bom senso prevaleça, mas estaremos lá dia 16, com lágrimas nos olhos, para ver mais um público virar pó enquanto alguns se locupletam desavergonhadamente. E esperamos que os que se chamam artistas compareçam quando convocados a fazer sua obrigação: defender seu direito ao trabalho, seus espaços duramente conquistados e principalmente, seu direito de fazer parte da sociedade onde vive.

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Após refletir e ter algumas conversas interessantes, achei por bem voltar e suprimir uma frase (MAS PELO MENOS EU FAÇO ALGO ALÉM DE COMPARTILHAR NO FACEBOOK.) do meio deste texto por entender que cada um é livre pra pensar e agir da maneira que pode e quer e eu não tenho o direito de questionar isso.

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