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quinta-feira, 28 de abril de 2011

Na minha modesta opinião

Ten Chi faz parte de um trabalho que Pina Bausch desenvolveu com a companhia Tanztheater Wuppertal a partir da vivência por algumas semanas com algumas culturas em cidades ao redor do mundo. No caso, da cidade de Saitama no Japão. Percebe-se em vários momentos a delicadeza japonesa, toques de teatro nô nas coreografias e a presença do país no capitalismo mundial. Ou seja: o Japão como é hoje: delicado, moderno, de cultura preservada e eficiente como os alemães.

“Sabe o que combina com champagne? Eu.” Apenas um dos textos usados na montagem que tem um primeiro ato divertido – algumas pessoas podem não gostar da repetição dos gestos nas coreografias eficientemente executadas – mas com cortes abruptos. Quando a gente começa a gostar de uma passagem, a se deixar levar por ela, há uma troca rápida de cena. Como no começo envolvente em que vemos a bailarina nadando, flutuando ao redor da cauda de baleia que juntamente com a luz nos leva ao fundo do mar para, de repente, um corte nos tirar de lá sem descompressão.
A neve que começa a cair no final de primeiro ato, permanece durante o intervalo e segue por todo a segunda parte, é um belo toque de delicadeza mas pode cansar apesar das alterações de intensidade que sofre. 
O segundo ato, entretanto, é mais monótono, resgatado pelo final eletrizante que certamente é responsável por grande parte do arrebatamento mostrado pelo público quando termina a apresentação.

 O espetáculo não perderia em nada se fosse composto pelo primeiro ato e finalizado por metade – ok, todo, vá lá – do final. O humor, a simpatia no texto falado em português - com exceção de um longo texto, e a precisão e desprendimento do elenco conquistam a platéia.
Mas não consigo aceitar certos rótulos e ‘endeusamentos’. Também acho complicado esperar que algum diretor ou coreógrafo faça seu trabalho unicamente pensando em agradar o público. De qualquer maneira, não vou assistir a espetáculo de um “grande nome” com a obrigação de gostar. Por isso não entendo o público que lotou a platéia de cadeiras confortáveis mas fileiras apertadas do ótimo Teatro do SESI, aplaudindo de pé e soltando gritinhos histéricos. Certamente a memória da grande artista que Pina Bausch foi pode ser mais bem celebrada por toda sua valiosa contribuição às artes cênicas sem a necessidade de demonstrações elogiosas forçadas.


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