
Abstraia tudo que, porventura, tenha lido ou visto sobre Andy Warhol.
O artista “ícone da arte pop” e inspiração de uma geração de artistas contemporâneos está parcialmente exposto na Estação Pinacoteca em SP desde março e quem correr, ainda o verá até o dia 23 de maio.
“Parcialmente” não deve ser o termo mais correto, já que – se por um lado parte de sua obra ali está – ELE se revela por inteiro e é possível, através da observação das obras e leitura dos textos de parede traçar uma linha psicológica bem clara de QUEM é – ainda hoje – Andy Warhol.
A começar pelo nome, que um erro de revisão atalhou (o pai se chamava Warhola) no seu primeiro emprego como ilustrador em NY, nada na vida - e conseqüentemente - na obra de Warhol pode ser considerado ordinário.
A sopa servida aos filhos pelos pais imigrantes e que, assim como o refrigerante de rótulo vermelho mais famoso do planeta, faz parte da cultura das pessoas nascidas nos Estados Unidos está presente tanto quanto as celebridades, confrontos raciais e a busca pela definição de si mesmo.
Num primeiro momento pode-se pensar que o trabalho artístico de Warhol é basicamente egóico. A linha definida pela curadoria mostra as sopas que a criança tomava, as personalidades políticas que tinham suscitado algum interesse no artista e os símbolos variados do que seria seu país de origem: os Estados Unidos da América, algo de que muito se orgulhava.
A presença da morte – geralmente de forma violenta – e a reinvenção (ou procura) de si mesmo em autorretratos pintados, fotografados, sobrepostos a tinta ou com perucas simulando ‘drag queens’ é constante como a observação de tudo à sua volta (sociedade, personalidades) e o gosto pelo cinema, através de suas estrelas ou mesmo ao filmar horas de alguém dormindo. A união disso se nota na série sobre a morte dos Kennedy, a figura de Jackie e o que ela significou.
Quer algo mais pessoal e ao mesmo tempo “pop” que a serigrafia sobre papel que retrata Pelé com uma bola encostada na cabeça lembrando uma “cabeçada”? Como Warhol, Pelé superou dificuldades de uma origem humilde – lembrando a idéia da reinvenção de si, e a estrela estampada na bola lembra-nos a estrela em que Pelé se transformou e por isso mesmo, um grande ícone pop.
Durante o percurso pudemos conversar a respeito disso e traçar um perfil que nos pareceu o mais claro sobre quem era a “pedra” que Warhol pretendia ser. Lacônico em entrevistas e reservadíssimo sobre sua vida pessoal – seu companheiro só descobriu o falecimento da mãe de Andy 12 anos após o fato, ele reservava para suas obras o que sentia com as experiências de morte e quase-morte. Quer entender isso? Vá até a Estação Pinacoteca até o dia 23 de maio, em São Paulo, perto da Estação da Luz e Museu da Língua Portuguesa e tire suas próprias conclusões. Com o mesmo ingresso também é possível percorrer o lindo prédio da Pinacoteca, ver exposições ali instaladas e a aconchegante lojinha com livros de arte.
Aproveite São Paulo!
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