Fica claro que autoridades eleitas e aquelas por elas
empossadas são espelho de uma sociedade.
Ao receber olhares debochados quando retirava galhos das
calçadas, lembrei o que diferencia o cidadão do mero habitante. Lembrei o que
nos diferencia dos japoneses, por exemplo. “Como exigir dos outros, qualidades
que ainda não temos”?
No Japão a população se mobiliza para auxiliar na limpeza,
reorganização dos espaços públicos a cada evento climático de grandes
proporções. E esta sociedade elege seus representantes e cobra deles o
planejamento, o treinamento de equipes técnicas e da população para agir com tranquilidade
e de forma eficaz com equilíbrio nas contas públicas.
No Brasil, a população acredita que ao delegar poder a uma
pessoa que ela mal conhece, fica isenta de qualquer responsabilidade, quando é
justamente o contrário. Uma autoridade eleita ou nomeada é tão povo quanto
todos os outros. É mais ou menos como o síndico de um condomínio. O patrimônio
é de todos. E os condôminos fiscalizam junto seu trabalho.
Obviamente que deve-se ter o cuidado de não mexer em pontos
ou materiais que exijam conhecimento técnico, como árvores caídas sobre fios da
rede elétrica. Mas ajudar na remoção e limpeza do que for possível, agiliza a
liberação de vias públicas, facilitando o acesso das equipes da prefeitura e da
distribuidora de energia elétrica.
De outro lado, pelas ações que pudemos ver pela cidade e
entrevistas que ouvimos de autoridades e empresas diretamente envolvidas como
CEEE e DMAE, fica clara a necessidade de um planejamento mais competente dos
responsáveis pelo gabinete especial montado para assistir a população em
eventos cada vez mais frequentes de catástrofes climáticas. As equipes da
prefeitura não podem simplesmente ‘adivinhar’ onde há necessidade de remoção de
entulhos, daí a importância da colaboração dos cidadãos, mas principalmente da
existência de “seres pensantes” que possam avaliar previamente os locais
afetados para não vermos equipes da prefeitura limpando internamente os parques
quando diversas ruas e avenidas continuam bloqueadas. Para isso é necessário
contar com o bom senso geral de evitar situações de risco, como caminhar sob
árvores em parques.
Entendido está que todas estas equipes da prefeitura precisam
ter equipamento e pessoal qualificado para mover entulho ligado à fiação
elétrica, investimentos de grande porte precisam ser feitos e a legislação ser
avaliada sob ponto de vista técnico. Alterações que permitam, por exemplo, que
técnicos competentes da distribuidora de energia possam realizar o corte de
árvores e galhos que estejam totalmente derrubadas. Precisamos avaliar
parcerias e planejar gradativamente a instalação subterrânea da rede elétrica
pois mesmo com um alto custo inicial a economia seria efetiva a médio prazo. É
necessário investimento na pesquisa da adaptação de geradores que funcionem à
base de água para autossuficiência da coleta, tratamento e distribuição da água
em Porto Alegre.
É nossa responsabilidade oferecer sugestões e auxiliar o
planejamento debatendo questões públicas de forma coerente, abdicando da
postura inócua de reclamar em redes sociais ou veículos de comunicação.
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