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domingo, 30 de março de 2014

É preciso informação!


Ocasionalmente alguma notícia ou informação tende a causar comoção geral, discussões acirradas pessoal e, especialmente, de modo virtual na pequena camada da população que tem acesso virtual e se importa.
É o caso, mais uma vez, de uma pesquisa realizada pelo IPEA - Instituto dePesquisa Econômica Aplicada

Desta vez, com relação ao pensamento sobre violência contra mulheres e casos de estupro, que, como sabemos, não atinge apenas um gênero.
Daí que fui ao site do IPEA  buscar mais informações sobre a pesquisa. Em primeiro lugar, aparecem textos (notas técnicas) apresentando uma interpretação geral da pesquisa. Busquei mais informações sobre duas pesquisas: violência contra a mulher e estupro no Brasil, visto que é importante saber com quem foi feita a pesquisa.

Indignação geral ao recebermos a informação de que mais da metade dos brasileiros acredita que o comportamento e roupa da mulher (principal vítima) induz ao estupro. Parece-me que nós, indignados, precisamos atentar para a ignorância desses entrevistados ainda que isso, justificadamente, não diminua nossa indignação. Através dos resultados das pesquisas, entendemos que se o estupro começa em casa, não poderia ser diferente a percepção do brasileiro. Infelizmente não encontrei dados sobre a amostragem. Senti falta de dados sobre os estupradores conhecidos como escolaridade, por exemplo.

Vamos pensar a respeito de informações que não são novas, apenas atualizadas e  já que as vítimas sentem medo e/ou vergonha de prestar queixa e realizar exames físicos, é aterrorizante pensar que apenas 10% chegam ao conhecimento da polícia.

Em números gerais:
Cerca de 70% dos estupros e abusos sexuais são cometidos contra crianças e adolescentes.
Cerca de 70% são cometidos por parentes próximos (maior incidência por pais biológicos) ou conhecidos da vítima e da família.
A violência é cometida dentro de casa:
em 79% dos casos atingindo crianças (até 13 anos)
em 67% dos casos atingindo adolescentes (14 a 17 anos)
em 65% dos casos atingindo adultos (acima de 18 anos)

Quando o agressor é conhecido, o estupro ocorre mais de uma vez em mais de 40% dos casos.

Analisando apenas estes itens, como se pode imaginar que a roupa ou comportamento da vítima seja o fator causador? Salvo se o entrevistado acreditar que o pai veste a filha com roupas provocantes e a faz dançar sensualmente para justificar SEU comportamento após várias cervejas à tarde ou à noite. (baseado na informação sobre vítimas, perfil do agressor e circunstâncias).

De outro lado, pensemos juntos: um agressor que se crê no direito  (ou dever) de realizar tal ato, tendo praticado e se aprimorado dentro da família sem maiores problemas (visto que uso de álcool e drogas estão mais presentes em atos contra adultos), ao buscar vítimas na rua ou escolas (2º e 3º lugares ‘preferidos’ para estupros a pessoas mais velhas) VAI PROCURAR ALGUÉM CUJA ROUPA É DIFÍCIL DE TIRAR? Ele pode ser muitas coisas mas certamente não é burro. Quer o que for mais fácil. Por isso o alvo crianças, adolescentes, mulheres dentro de casa, é o mais visado. Preferencialmente em dias ‘úteis’ quando demais moradores estão envolvidos em atividades como trabalho e/ou estudo. Ainda assim, há aumento desses crimes nos meses de inverno – quando, em boa parte do país faz frio e/ou chove e as pessoas estão com mais roupas e agasalhos.

Parece-me importante salientar também o perfil da vítima no quesito cor/raça: acima de 35% são consideradas brancas, chegando a 45% nas vítimas adultas. Assim como acima de 35% são pardas em todas as faixas etárias. As demais etnias ficam sempre abaixo de 10% (etnia negra 10,6% dos adultos).
Isso dá o que pensar.

Certamente o perfil patriarcal/machista da população não apenas permite, mas até certo ponto incentiva tal comportamento, como o dizem os pesquisadores afirmando inclusive, o papel dos meios de comunicação em tal panorama. A divulgação de tal pesquisa é importante para construção de políticas públicas que antes de tudo, informem e ajudem a mudar a consciência do brasileiro médio.
Quantos ficariam insensíveis ao saber das conseqüências para as vítimas? A maioria vê apenas o ato em si, o que, aparentemente não é suficiente sensibilizá-la. Quantas pessoas repensariam suas opiniões ao saber do número de crianças grávidas, infectadas (cerca de 80%) por HIV e outras doenças, pessoas que ficam abaladas de modo irreversível e até mesmo cometem suicídio após sofrerem violência?
Urge serem feitas campanhas internas e reavaliação de funcionários públicos que trabalham diretamente com estes casos.
Urge serem feitas campanhas de conscientização da população sobre causas reais da violência, suas conseqüências e principalmente sobre a importância de as vítimas procurarem ajuda.

Fonte: diretamente nos links acima a partir de http://www.ipea.gov.br/

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