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quarta-feira, 14 de setembro de 2011

E tudo acabou em água e cafezinho...


E tudo acabou em pizza. Ou melhor: em água e cafezinho doce e contenção dos cordeirinhos no prédio da Casa Torelly e na calçada.

Eu me pergunto: pra que serve manifestação pública? Pra resgatar algum direito, obter novos e PRINCIPALMENTE, conscientizar a população sobre alguma situação. Assim fizeram bombeiros no RJ, professores de vários estados.
Aí vem a classe artística em Porto Alegre, organiza manifestação, entrega documento na prefeitura, caminha cantando até a secretaria de cultura sob os olhos atentos de agentes de trânsito e brigada militar pra chegar lá, ser “convidada” (todos) a entrarem no prédio pra tomar cafezinho e água. Em seguida, pediram pra parar o barulho, afinal, precisamos ‘conversar’.

Métodos clássicos de esvaziamento, já que muita gente não sabe mesmo o que significa fazer uma manifestação pública. Logicamente isso libera a rua, a população não é afetada - nem informada da situação dos aparelhos públicos de cultura. Das verbas que são LEI e não são distribuídas, apesar da solidez fiscal do município. Da situação caótica das salas de teatro, bibliotecas e outros recursos que deveriam estar servindo de instrumento de formação, informação, socialização e educação dessa mesma população. E aí vem colegas te chamar a atenção por que tu estás usando teu direito de ir e vir, de segurar teu cartaz contando da vergonha de receber grupos de todo país e do exterior em salas de teatro do município tão sucateadas que tem que avisar os lugares no palco que não podem ser usados sob risco de afundar a perna; da relação de equipamentos técnicos datada de 1997. Do teto caindo no camarim em cima dos grupos convidados e das cadeiras tão rasgadas que mais parecem saídas do lixão.
E os equipamentos do estado não ficam pra trás! Na CCMQ, os andaimes são, na verdade, pra segurar estruturas podres. O encanamento de esgoto traz de volta a merda pra dentro dos banheiros que se esparrama pelas salas. TSP não conta pois é quase privado. A situação da Cia de Arte é tão absurda que nem dá pra começar a explicar aqui.

E aí vem “colega” te falar que deve passar pra dentro da faixa que os agentes de trânsito e a brigada botaram pra tua contenção - pra facilitar a vida deles e quando delicadamente tu explicas que não aceita o convite, ocorre o que ELES querem: cisão, pois o pedido, era, NA VERDADE, UMA ORDEM no meio da bagunça e assim, pateticamente, se esvazia a manifestação.

A alegria dá lugar à irritação, pois nada muda... Os que mais se manifestavam agora têm cargos importantes. Geralmente aliada à velhice, a acomodação consegue seu espaço no conforto de bons salários e gabinetes. Afinal, todo mundo acha que precisa ter uma aposentadoria.

Bem, minha aposentadoria vem sendo construída com o meu suor e o meu trabalho, não com a venda de minhas convicções.

Espero sinceramente que hoje tenhamos conseguido algo mais que renovações de promessas. Mas não me chamem mais pra manifestações patéticas. Agora entendo os colegas mais conhecidos passando em carros caros e fingindo não conhecer aqueles que seguravam cartazes. Tristemente me alio a eles.

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