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quarta-feira, 7 de abril de 2010

de 4/5/2008

Rugas não tinha. Mas a pele havia perdido o viço, apesar de ainda muito boa.
Evitava os próprios olhos no espelho, com medo de ter que encarar-se. Sentia
que havia perdido várias chances na vida e por mais jovem que ainda fosse,
sentia-se envelhecer mais rapidamente que a maioria das pessoas.Deitava-se só, como tinha sido nos últimos anos. Apesar dos trabalhos e das pessoas com quem se relacionava, a solidão era inexorável.
Pensava que estaria diferente a esta altura da vida. Questionava suas escolhas
mas percebia que nada teria feito diferente. Conformava-se e deitava, toda noite esperando que fosse a última e pensando o quão dramático isso pareceria se fosse verbalizado. Por isso não ousava transformar estes pensamentos em palavras e sempre que perguntavam, respondia: “estou muito bem!”. Até por que, quem pergunta, não quer realmente saber...